A União Europeia reagiu com agrado às indicações de crescente interesse por parte dos canadianos em aderir ao bloco europeu, mas rapidamente esclareceu que tal ideia é inviável devido aos critérios estabelecidos pelos tratados comunitários.
De acordo com uma sondagem realizada pela Abacus Data no final de fevereiro, 44% dos canadianos acreditam que o seu país deveria juntar-se à União Europeia, enquanto 34% se opõem à ideia. Quando questionados de forma mais geral sobre o apoio à adesão, 46% dos inquiridos manifestaram uma opinião favorável.
A resposta de Bruxelas à sondagem foi positiva, mas acompanhada de um esclarecimento firme sobre a impossibilidade da adesão do Canadá ao bloco europeu.
“Sentimo-nos honrados com os resultados de tal sondagem. Mostra a atratividade da União Europeia e a apreciação de uma grande parte dos cidadãos canadianos pelos valores da UE”, afirmou Paula Pinho, porta-voz da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, durante uma conferência de imprensa esta quarta-feira. No entanto, acrescentou que não iria especular sobre um eventual pedido formal de adesão por parte de Otava.
Mais tarde, em resposta a uma questão de um jornalista, Pinho esclareceu que, de acordo com o Artigo 49 do Tratado da União Europeia, apenas estados europeus podem candidatar-se a membros da UE, descartando assim qualquer possibilidade de uma adesão do Canadá.
Apesar da impossibilidade jurídica de adesão, os dados da sondagem revelam um aquecimento nas relações entre o Canadá e a União Europeia. Cerca de 68% dos inquiridos afirmaram ter uma visão positiva do bloco europeu, o dobro dos 34% que expressaram o mesmo sentimento em relação aos Estados Unidos.
Embora a grande maioria dos canadianos reconheça Washington como o parceiro internacional mais importante do país, a sondagem sugere uma mudança de perceção: um número crescente de inquiridos considera que a UE ultrapassará os EUA como o principal aliado global do Canadá nos próximos três a cinco anos.
Tensões com os EUA impulsionam maior aproximação à Europa
As dinâmicas geopolíticas recentes também podem estar a influenciar esta mudança de opinião. Desde que Donald Trump regressou à presidência dos EUA, tem reiterado a ideia de tornar o Canadá no 51.º estado americano, além de ter iniciado uma nova guerra comercial ao impor tarifas sobre vários produtos importados do país vizinho.
Perante este cenário, Otava tem procurado fortalecer a coordenação com Bruxelas, especialmente na área comercial. A ministra dos Negócios Estrangeiros do Canadá, Mélanie Joly, ao receber os líderes do G7 em Charlevoix esta quarta-feira, sublinhou que alinhar a resposta canadiana às tarifas americanas com a posição europeia será uma prioridade.
“Em cada reunião, irei levantar a questão das tarifas para coordenarmos a nossa resposta com os europeus e aumentarmos a pressão sobre os americanos”, afirmou Joly, sinalizando uma estratégia de maior aproximação entre o Canadá e a União Europeia.














